
Meditação, Ioga e Acupuntura são
algumas das práticas usadas no Albert Einstein e modelo é chamado de Medicina
Integrativa.
* por Cláudia Collucci
Técnicas já são adotadas em
hospitais de referência em oncologia nos EUA e podem melhorar a qualidade de
vida dos pacientes.
O Hospital Israelita Albert
Einstein incluiu práticas como meditação, ioga, acupuntura e reiki no
tratamento do câncer. O modelo, chamado de medicina integrativa, é semelhante
aos adotados em instituições de referência internacional em oncologia, como o
M.D. Anderson e o Memorial Sloan-Kettering Center, nos EUA.
A inclusão dessas técnicas, até bem
pouco tempo desacreditadas na área médica, tem sido motivada pela grande
demanda de pacientes que procuram por tratamentos complementares quando têm um
diagnóstico de câncer. Além disso, atualmente, há vários estudos controlados
demonstrando a eficácia e a segurança delas.
No último congresso mundial de
câncer, no início do mês, em Chicago (EUA), estudos demonstraram que a
acupuntura, por exemplo, pode reduzir as náuseas da quimioterapia e aliviar a
xerostomia (boca seca), provocada pela radioterapia na região da cabeça e
pescoço.
No Einstein, as práticas são
oferecidas a pacientes que acabaram de receber o diagnóstico de câncer, que
estão em tratamento ou que já terminaram. O cirurgião Paulo de Tarso Lima,
responsável pela área de medicina integrativa, diz que as técnicas são adotadas
mediante evidências científicas de que funcionam e de que não prejudicarão a
terapia convencional.
Estima-se que 70% dos pacientes não
contam aos médicos que adotam práticas complementares (no passado chamadas de
alternativas) ao tratamento convencional -seja por não serem questionados a
respeito ou por temor de que os médicos desaprovem a técnica.
"Usar essas práticas sem a
orientação de um profissional é um risco à saúde. A fitoterapia, se utilizada
de forma incorreta, pode interferir e prejudicar o tratamento do câncer",
afirma.
Quando bem indicadas, muitas das
técnicas complementares são úteis para melhorar a qualidade de vida dos
pacientes e suas respostas aos tratamentos clínicos. "O objetivo é que
eles ajudem, e não atrapalhem, a recuperação".
A ioga, por exemplo, ajuda a diminuir
a ansiedade, o medo e os pensamentos negativos, explica o psiquiatra Rodrigo
Yacubian Fernandes, que aplica os princípios da kundalini yoga entre os
pacientes oncológicos. A prática também vem sendo usada como tratamento
coadjuvante de distúrbios psiquiátricos e psicológicos.
A empresária Maria do Rosário, 50,
luta há três anos contra o câncer. Já retirou parte do intestino, os dois
ovários e, agora, faz quimioterapia a cada 15 dias para combater um tumor no
pulmão. Por conta dos efeitos colaterais do tratamento, ela também sofre de uma
neuropatia que a levou à perda da sensibilidade nas mãos e nos pés.
Para manter o equilíbrio e controlar
a ansiedade, ela faz reiki, acupuntura e meditação. O reiki é uma técnica que
usa a imposição de mãos para transmissão de energia vital, segundo os adeptos.
"Essas práticas me relaxam, especialmente quando tenho que passar horas
fazendo exames."
Ela conta que ao descobrir o câncer
"ficou de mal com Deus". "Entrei numa depressão incontrolável.
Hoje, conto primeiro com Deus, porque tenho muita fé, e depois com todas essas
pessoas, tratamentos e práticas que me ajudam a dar uma sobrevida melhor",
diz Maria.
Além dos aspectos emocionais, a
empresária notou melhoras físicas. "Antes, fazia químio e era um dia no
pronto-socorro e o outro também. Era uma loucura. Há quase um ano que eu não
preciso mais ir ao pronto-socorro por conta dos efeitos do tratamento."
Técnica da medicina oriental diminui
dor torácica não-cardíaca, segundo o HC.
Um estudo feito pelo HC (Hospital das
Clínicas) de São Paulo e pela Universidade do Arizona (EUA) apontou que o
johrei -técnica milenar praticada na medicina oriental- pode ajudar pacientes
cientes de que sentem fortes dores no peito, mas que não apresentam nenhuma
doença que justifique as queixas de dor.
A dor torácica é a segunda causa mais
comum de dor na região do peito, após a dor cardíaca.
Ela acomete 30% da população entre 50
e 75 anos que procura o pronto-socorro em razão de dores torácicas e cujos
resultados dos exames cardiológicos são normais.
Segundo o gastroenterologista do HC
Tomás Navarro Rodrigues, o johrei mostrou-se eficaz em 90% dos casos avaliados.
A pesquisa envolveu 40 pacientes com dores torácicas não-cardíacas, com idades
entre 50 e 75 anos.
Para o trabalho, os estudiosos
dividiram os pacientes em dois grupos. Um deles recebeu três sessões de johrei
por semana, de 30 minutos cada uma, num total de 18 sessões. O segundo grupo
foi medicado com terapia convencional usada no combate à dor.
Os casos tratados com johrei
apresentaram 90% de melhoras do quadro clínico, enquanto que os casos tratados
com medicamentos diminuíram a dor em apenas 40% dos pacientes.
O johrei é uma técnica de tratamento
japonesa que, segundo os adeptos, amplia a força de recuperação natural do
homem. As "ondas de energia" são canalizadas a partir da
"energia cósmica superior" e podem ser transmitidas por qualquer pessoa
adequadamente preparada. A aplicação da técnica é feita pela imposição das
mãos.
Para o médico, as evidências abrem
perspectivas para uma nova abordagem terapêutica. Segundo Rodrigues, o HC
estuda usar futuramente a técnica na clínica de gastroenterologia.
Ele afirma que a hipersensibilidade
da função esofágica associada às contrações involuntárias musculares ao longo
do esôfago são as possíveis causas responsáveis pela dor torácica.
"A simples exclusão de
[diagnóstico de] doença cardíaca não elimina a dor ou tranqüiliza o paciente
que, mesmo possuindo excelente prognóstico, continua a apresentar intenso
comprometimento da qualidade de vida." (CC) Produção: Kabbalah Group Original:
Cláudia Collucci e Reportagem local.
Fonte: Folha de São Paulo /
Cotidiano1 / pg. C5 / 29 de junho de 2008.
© Permitida a reprodução em qualquer
midia, desde que citada a fonte e mantidos integralmente todos os demais
créditos.
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